Na foto ao lado visualizamos o para-lama do fiat Uno, sua cor é o prata Bari. Este para-lama possui dois machucados: Um pequeno amassado e um pequeno risco mais abaixo, ambos foram nivelados e lixados até a lixa de grana 600 à seco. A cada redução na granulação da lixa a área do retoque é aumentada um pouquinho. Foi feito o empapelamento e o para-lama está prestes a ser polido (polimento de aderência).
Após o polimento de aderência ser efetuado, vamos aplicar a base poliéster diretamente no retoque, em camadas secas e leves (sem molhar) encobrimos os machucados transformando os dois micro-retoques em um único retoque pequeno, dado a sua proximidade. Nesta etapa priorizamos o foco do retoque com mais transferência de tinta e alastramos o retoque até o limite do que foi lixado anteriormente. As marcações feitas na foto mostram claramente isto.
Continuando, após termos isolado o retoque com a própria tinta, sem o uso de primer (devido ao tamanho do retoque) e conseguirmos uma superfície lisa sem poros e riscos, fazemos o degradê do retoque: Alastramos ainda mais o retoque em passadas leves e secas, homogenizando as bordas do retoque com camadas transparentes, camadas estas que apenas quebram o brilho da pintura anterior. As marcações na foto mostram o limite máximo alcançado pela tinta poliéster, nesta etapa.
Aguardamos a secagem para iniciarmos o polimento, não menos que quatro horas após a aplicação do verniz. Se necessário podemos lixar com lixa 1200 ou 1500 (d'água) para facilitar o polimento.
Vou agora utilizar um exemplo de retoque de tamanho médio. Trata-se de um celta na cor prata Polaris e a área do retoque abrange a lateral e a porta, somados após a preparação totalizam uma área de mais ou menos uns cinquenta centímetros quadrados. Na foto ao lado destaquei a área total do lixamento. Ao centro vemos a correção do abalo, onde iniciamos o lixamento com 80, masseamos e lixamos com a redução da grana de lixa até a número 600. Conforme veremos a seguir neste retoque específico haverá uma área de alongamento bastante ampla, o que facilita a pulverização do degradê (alongamento), entretanto a intenção é fazer um retoque no menor espaço possível, gastando menos tempo e material.
Do mesmo modo que demonstrei no retoque do Fiat, primeiro aplicamos a base priorizando a cobertura da área masseada, durante esta fase é necessário observar se existem porosidades ou riscos profundos alem de mapeamentos e corrigi-los, preferencialmente com lixamento (lixa 400 ), conseguindo a correção total da área trabalhada e sua cobertura com a base, fazemos o degradê. Na foto ao lado as marcações mostram a área total do retoque mais o alongamento para encaixa-lo. Além desta área não foi pulverizado tinta.
Fazemos a envernização: Duas passadas sendo que a segunda passada mais molhada. Após a aplicação do verniz é feito o nivelamento de retoque. O nivelamento de retoque é feito com o nivelador de retoque, que nada mais é do que um diluente com evaporação mais lenta, aplicado nas emendas do retoque (áreas destacadas pelos círculos pontilhados na foto ao lado). A função do nivelador de retoque é fundir a pulverização ao redor do retoque com a pintura antiga, escondendo a emenda e favorecendo o polimento.
Quando estamos fazendo um retoque, a contagem de passadas de base poliéster não é importante, o que realmente importa é o encaixe do retoque e a cobertura total, alem de anular quaisquer manchas ocorridas durante a aplicação. Para a observação destes detalhes o local do retoque deve ser bem iluminado (luz branca são as melhores), ou receber boa iluminação natural. Também é importante observar o retoque de vários ângulos,bem como de perto e de longe (cerca de cinco metros). Só quando temos a certeza do resultado é que aplicamos o verniz (na foto ao lado o trabalho encerrado).
Para os micro ou mini- retoques o método é igual, porém em menor escala. Reduzimos a abertura do leque (ao minimo), a pressão de trabalho e a distancia da pistola em relação ao retoque. A foto ao lado mostra um micro-retoque na porta de um Uno na cor prata Bari, o local do retoque já foi nivelado, lixado e polido ao redor além de empapelado. Note que eu empapelei e aproveitei uma dobra na estampa da porta para disfarçar o retoque colando uma "fita falsa", chamamos de fita falsa este anteparo feito com a fita crepe para que não ocorra um degrau (se colássemos a fita na dobra ficaria um alto-relevo marcando a dobra).
Feito a aplicação do prata Bari (na foto acima) e na sequencia um lixamento com lixa 800, para nivelamento, temos uma área de cerca de doze por um e meio centímetros bem realçada entre as marcações. Já na foto ao lado após o alongamento, houve a homogenização do retoque e as marcações da área do retoque aumentam em cerca de oito centímetros (quanto mais eficiente for a pistola de pintura menor será a área do micro-retoque).
Após encaixarmos o retoque é feito a aplicação do verniz P.U., são duas passadas e o alastramento nas bordas. Note que eu retirei a fita falsa pois o verniz deve ser aplicado sempre em uma área maior do que a da base poliéster. A área em destaque na foto corresponde a área total abrangida pelo verniz sem a aplicação do alastrador. Pra não contaminar o plástico da maçaneta com o verniz eu mascarei a mesma com fita crepe.
Ao lado o micro retoque concluído. Em todos os retoques, sejam pequenos, médios ou micros, após o polimento é fundamental a aplicação de uma cera protetora para proteger principalmente as emendas do retoque contra a ação dos raios solares UVB e UVA e garantir que o resultado do trabalho perdure por anos. Eu recomendo o enceramento de um veiculo de três em três meses, tanto o repintado quanto o original de fábrica (a menos que as recomendações do rótulo da embalagem da cera sejam outras), principalmente se o carro é diariamente exposto ao sol por horas e horas a fio. Desta forma tentei mostrar como são feitos os retoques em poliéster, qualquer dúvida é só comentar. Um grande abraço e até a próxima!