Mostrarei, passo à passo, a realização de um retoque no para lama e para choque em um Audi prateado. Na primeira foto, no detalhe reparem que o para choque é de plástico, como todos hoje em dia. Na segunda foto, a área do retoque a ser efetuado.
Na foto ao lado, o primeiro passo: pára-lama desamassado, e lixamento inicial com lixa grana 36.
Agora, com o segundo passo: aplicação de aderente para plásticos, à pincel mesmo, e incluindo até as áreas do pára-lama.
Próximo passo: aplicação de massa niveladora, atenção redobrada na junção para-lama/para-choque.É preciso passar um estilete, com a massa ainda mole, para não haver união das peças. Note que se for superado este obstáculo, não haverá necessidade de desmontar as peças em questão, o que facilitará o trabalho, então vale a pena o empenho.
Próximo passo: Lixamento da massa niveladora. Começamos com grana 80, com a massa ainda alta (não nivelada), reduzimos para a lixa 150, sempre à seco, e com o taco.
Passo seguinte: Aplicação de massa rápida, esta fase marca o começo da pintura, pois até a anterior, quem estava em ação era o profissional funileiro, agora assume o profissional pintor. Esta massa é para retirar os riscos e poros que estão na área trabalhada, ela poderia ser substituída direto com aplicação de primer P.U. , mas optei por usar a massa rápida, com a qual trabalho a décadas, porém o primer P.U. representa a inovação, e os pintores atuais aboliram o uso de massa rápida, como eu nunca observei queda de qualidade, no uso de massa rápida, continuo a usar, e o serviço fica ótimo, e devido a secagem, acho que mais rápido.
Passo seguinte: Lixamento da massa rápida, sempre com o taco, primeiro com lixa 150 e depois redução para 320 e finalmente 400.
Próximo passo: Empapelamento, tudo lixado e limpo, vamos selecionar a área de trabalho através do isolamento, com fita e jornal, cobrindo ao redor dos painéis em que vamos embutir nosso retoque. Deve-se ser detalhista ao extremo, nunca deixar aparecer tinta ou respingos em peças ou áreas que não queremos. Dica: usar um estilete para cortar a fita crepe e o jornal, nos recortes mais difíceis.
Depois, faz-se a aplicação do primer de isolamento, que neste caso é cinza, do tipo universal. Aplica-se no mínimo três passadas, secas, ou seja : não aplique uma passada muito carregada, o primer não deve “molhar” a área que esta masseada.
Próximo passo: O lixamento do primer, primeiro com lixa de grana 400, reduzindo para 600. Esta é a grana de lixa recomendada para a aplicação da tinta poliéster, pois ela é muito diluída e não tem poder de cobertura, muito menos de enchimento.
Passo seguinte: O polimento de aderência, em toda a área do painel que não foi lixada, que neste caso é o para-lama, e em volta do retoque, que neste caso é o para-choque. Pode ser feito com massa de polir número dois, manual e minuciosamente, em seguida limpo com estopa limpa e seca.
Próximo passo: A aplicação da tinta, com o leque aberto, e pressão por volta de 18 a 20 libras no revolver do tipo gravitacional, faz-se pelo menos nove passadas de tinta, dependendo do poder de cobertura da mesma, calmamente, sem molhar e dando um tempo para evaporação do solvente entre as passadas, antes de efetuar a passada seguinte, é aconselhável retirar pó e fiapos que possivelmente tenham grudado na pintura, se necessário deve-se lixar com lixa 600 seca, antes de recomeçar.
Quando o fundo isolante não estiver mais aparecendo, e a se a superfície estiver lisa, sem calcinações de poeira da tinta, faz-se a abertura do retoque, ou seja, em duas passadas extras embuta a cor nova na antiga, abrindo a área de trabalho, fazendo um efeito degradê, evitando um corte seco, ou seja pintar próximo ao término do painel, que neste caso seria próximo da porta. Feito isto, deve-se aguardar pelo menos quinze minutos, para a aplicação do verniz. Enquanto isto acontece, limpa-se o revolver, que deve sempre ser limpo logo depois do uso.
Passo seguinte: A aplicação do verniz, este é o verniz bi-componente, ou seja : seu preparo final é resultado de dois itens, o catalizador e o verniz, propriamente dito. Também deve-se diluir com diluente para P.U., cerca de 35 a 40 % sobre a quantidade de verniz, leia atentamente o rótulo da lata, e sempre observe o resultado de qualquer variação de diluição da tinta no dia a dia da oficina, o que deve prevalecer é a qualidade do trabalho. Você verá que em determinadas situações, a diluição pode ser mudada, ao critério da prática e da necessidade. Neste caso a diluição foi feita em 40%.
À cerca do verniz : A primeira passada deve ser seca e empoeirada, e envolver toda a superfície pintada, incluindo os recortes e dobras, quinze minutos depois, a segunda passada, que será molhada e mais carregada de tinta, também deve-se pintar as dobras e recortes com todo o cuidado, evitando deixar algum pedacinho sem pintar. Finalmente, a última passada, também após quinze minutos. Esta última passada é para garantir o polimento, pode-se até afinar um pouco mais a tinta, mas não muito, e aplica-la excluindo os recortes e dobras, só nas áreas que serão polidas, desta forma a lisura da aplicação fica mais fácil de ser conseguida, já que não haverá a poeira extra dos recortes e dobras. Eu costumo esperar pelo menos quatro horas para o polimento sem a máquina, e um dia para polir com a máquina.
Finalmente: carro polido e limpo, esperando seu dono vir busca-lo, depois de três dias na oficina, e um profissional somente (eu) a realizar o serviço. Qualquer duvida ou sugestão acerca das técnicas e procedimentos acima apresentadas é só me chamar, estarei a sua total disposição!!!