A foto 01 mostra o para-lama afetado, considerado perdido, as setas apontam as áreas mais criticas para o restauro, são vincos, pontos de rugas e amassados agudos que dilataram a chapa. (Click na foto para ver melhor)
Aqui, o para-lama foi retirado. Devemos tomar o máximo de cuidado com ele, pois ao manuseá-lo podemos riscar ou machucar o mesmo e não queremos aumentar o trabalho...Observe que ele está sobre uma placa de papelão. Não queremos danificar as beiradas.
Foto 03: O panorama desta desmontagem, farol, para-barros, envolvente do para-choque com a placa e os faróis de neblina e outras peças que compõem detalhes do modelo Idea, além do para-lama, é claro... Tudo para remover o para-lama e também para realinhar o carro, no momento da montagem.
A Técnica do Amortecimento: A lataria externa dos automóveis é muito fina e leve, como uma carenagem, não resiste a batidas de martelo diretamente, deformando-se por distensão, então desenvolvi esta técnica, para conseguir um controle maior e melhor no processo de desamassar. Consiste em amortecer as batidas, para não esticar a chapa, e consequentemente evitar "barrigas" ou afundamentos com efeito "mola", que são os principais defeitos em um trabalho de funilaria em amassados. Na foto 04 o para-lama está sobre um papelão forrado com um carpete, que proporcionará o "amortecimento de apoio", além de proteger a peça contra danos causados pelo manuseio, já que queremos um retoque o menor possível, na área trabalhada, pois quanto menos trabalho de preparação, melhor. Ao rebater devemos posicionar o para-lama, de modo que o local da pancada esteja apoiado no piso forrado, isto faz com que a área de um calombo (e somente ela), receba o impacto não danificando partes niveladas ou em alto relevo. As pancadas devem ser proporcionais, ou seja: áreas menos enrugadas, pancadas mais fracas e áreas mais agudas pancadas mais fortes. Como esta é a primeira etapa do trabalho, é fundamental o desempenho do funileiro, pois tudo que for feito aqui, vai repercutir lá na frente, então compensa um esmero total no sucesso deste procedimento. Podemos, é claro, utilizar vários materiais para forrar o piso e conseguir o amortecimento de apoio, como panos dobrados, um carpete grosso, uma placa de E.V.A. etc... O importante é conseguir o resultado esperado, que é direcionar as pancadas e evitar a distensão da chapa.
Quanto as pancadas, estas não podem, neste momento do trabalho serem diretas, também elas devem ser amortecidas, "amortecimento direto", na foto 05 as setas apontam pedaços de madeira que são usados para amortecer as pancadas e distribuir o impacto numa área maior, antes de cada pancada, posicionamos a madeira contra a chapa apoiada no piso forrado, somente uma pancada a cada posicionamento. Uma pancada e a conferência do resultado, até que o trabalho esteja evoluindo por si mesmo, a partir daí, o que vai contar é a paciência e o esmero do profissional.
Após alguma evolução do trabalho, vamos conferindo e observando detalhes para otimizar o procedimento, ressaltados pelas setas amarelas. Notem que eu também usei um martelo de borracha, para complementar o trabalho da marreta e dos apoios de madeira. Após garantirmos o restauro da peça, através deste primeiro procedimento, vamos montar o para-lama no carro. Lá ele vai ser rebatido e preparado da forma convencional, com martelinho, abrasadeira e tasso. Assim mostrei esta técnica de funilaria que denomino de "técnica do amortecimento" dado que é justamente o amortecimento das pancadas que possibilitam o retorno da forma antiga à peça amassada.
Na foto 07 o resultado do trabalho com a técnica do amortecimento. O passo-à-passo vai continuar, para que eu demonstre, neste mesmo trabalho, outra técnica que uso para restauros mais complexos, com é o caso da recuperação deste para-lama. Obs: Em peças maiores, (capô, por exemplo) duas pessoas serão necessárias, pois o posicionamento para o amortecimento de apoio implica em vários ângulos, conforme o formato da peça trabalhada, e do amassado. Ou seja, o funileiro orienta o posicionamento e o ajudante segura a peça e aguarda a pancada, pois tudo depende de direcionar cada pancada no local exato e previamente apoiado no piso forrado.
Continuando, vamos colocar o para-lama no carro, desta forma teremos melhores condições de seguir com o trabalho, usando o tasso, martelinho e abrasadeira. Prosseguimos da forma tradicional, a partir de como deixamos na etapa anterior. Na foto as setas mostram áreas que podemos melhorar nesta etapa do trabalho, rebatendo a chapa com as leves batidinhas do martelinho ou brasadeira apoiado com o tasso na parte interna.
Esta foto mostra o resultado final do rebatimento tradicional, note que a superfície apontada foi visivelmente melhorada, e podemos evoluir para a próxima etapa.
Antes de conferir o alinhamento, lixamos e removemos trincados, usando uma lixadeira para facilitar, (mas poderia ser feito manualmente, sem problemas). As linhas tracejadas (foto 10) mostram áreas criticas que serão corrigidas com masseamento, a área do vinco é a mais difícil e será usada para que eu demonstre a segunda técnica desta postagem...
Aqui, conferindo o alinhamento entre para-lama e farol, notei uma deformidade que assinalei com dois pedaços de fita crepe, portanto volto e corrijo este detalhe, nunca é demais lembrar que quanto mais corrigimos defeitos, melhor será o resultado! O alinhamento com o capô está perfeito. Deixo o envolvente do para-choque para alinhar no final.
Na foto 12, alinhamento concluído! Corrijo o espaçamento e confiro com o outro lado intacto, ficou igual. Todos os espaçamentos devem ser conferidos. Podemos passar para a próxima etapa que é o masseamento!
Foto 13, masseamos toda a área previamente lixada, com massa plástica ou massa poliéster (veja as diferenças entre elas no glossário), podemos acelerar a secagem com um soprador térmico, pois tempo é dinheiro. A seguir lixaremos, sempre com o taco, nivelando toda superfície de trabalho.
Na foto 14, a primeira passada de massa foi lixada e detectamos imperfeições, que são reveladas através lixamento, após o que devemos corrigir tais imperfeições com uma nova camada de massa, desta vez somente nos locais que necessitam de repasse.
Pois bem, a massa rapidamente seca e é lixada, o para-lama está quase restaurado podendo ser preparado para pintura e pintado,porem se formos fazer isto, ao terminarmos notaremos que o vinco ficou torto! é muito difícil restaurar vincos (aliás eu tenho uma teoria de que os vincos em automóveis não são feito só por estética, mas também para dificultar o trabalho de restauro, alimentando assim o comércio de peças de reposição). A foto 15 mostra o começo da Técnica de Masseamento Localizado, que eu criei justamente para corrigir esta dificuldade. Consiste em controlar o masseamento e o lixamento, para não haver ondulações ou falhas na reconstrução de vincos e detalhes que estampam uma carroceria. A seta preta mostra uma fita crepe que foi colada no vinco inferior, para servir de "ponto de referencia", a linha pontilhada mostra o comprimento do vinco que vamos restaurar e a vermelha o ponto exato da primeira dobra, já inicialmente trabalhada com a técnica de masseamento localizado.
Restaurar vincos é um procedimento que engloba além do trabalho de desamassar, o trabalho de massear e o de lixar, complementando um ao outro, e todos importantes, para controlar tais trabalhos manuais é preciso certos cuidados, ou não se consegue o objetivo esperado. é preciso definir aonde e como depositar material e corrigir defeitos, para tanto isolamos pedaços com fita crepe ao massear, porem para isolar é preciso riscar com uma régua e lápis e fazer cada plano formado pelo vinco separadamente. Parece difícil, mas com pratica podemos refazer qualquer vinco ou estampa, pois o procedimento é sempre o mesmo. Na foto 16 as setas verdes mostram as fitas, onde a superior é a de isolamento e a inferior a de referencia, a seta azul o risco feito com régua e lápis e os tracinhos pontilhados o distanciamento exato de um vinco para o outro, detalhe importante na hora de riscar e esticar a fita.
Na foto 17, a definição de cada plano, que reconstruiremos a separadamente, sendo que o amarelo é o mais fácil e o azul o mais difícil, o vermelho deve ser feito observando a curvatura, vemos na foto que a fita esta isolando o plano azul para que seja depositado material no plano vermelho, após repassarmos a massa plástica, devemos retirar a fita de isolamento antes que ela seque e observar o resultado...
...Foto 18 (click na foto para ver melhor) : observe que conseguimos direcionar o masseamento de tal forma que percebemos um vinco bem definido, mesmo antes do lixamento! E isto aponta para a próxima etapa que é o lixamento...
Foto 19, o lixamento realizado com a mesma técnica de isolamento, ou seja cada plano deve ser lixado em separado, para tanto sempre cobrimos com fita isolando o plano anteriormente lixado. Click na foto para ver os detalhes deste trabalho.
Assim, utilizando esta técnica, podemos restaurar um vinco, agora o trabalho evolui para a próxima etapa: Massa rápida, que poderia ser também a aplicação direta de primer P.U. mas eu preferi usar a massa rápida e com isto mostrar que também nesta fase devemos isolar cada plano, para não estragar a etapa anterior. A seta amarela (foto 20) mostra o primeiro plano, já recoberto com massa rápida, note que a retidão foi conseguida isolando o segundo plano (azul) com fita crepe. E o plano vermelho pode ser masseado, pois é o azul que será o último a ser recoberto.
Foto 21: Etapa concluída!
O lixamento (grana 150) da massa rápida...
Fundo (ou primer) aplicado e lixado (grana 400)
O começo da pintura...
O alinhamento do envolvente do para-choque (foto 25), resolvi faze-lo apos a montagem, pois o mesmo também precisava de reparo, e neste caso pinta-lo antes seria perda de tempo, antes de mais nada é preciso garantir o alinhamento, e pinta-lo no local já alinhado é o melhor caminho para evitar surpresas.
Após o que empapelamos, pintamos e polimos. Entregamos o trabalho para a surpresa do cliente, que fica muito satisfeito, pela economia que fez! Qualquer duvida é só entrar em contato! Um forte abraço e até a próxima. Tchau!
4 comentários:
Oi Wilson,
Parabéns pela postagem, o artigo esta muito didático e bem ilustrado pelas imagens!
As explicações com certeza ajudarão aos colegas da área, e aos leigos como eu, gera um entendimento preciso de como este trabalho é realizado! Essa disposição que você tem para compartilhar e sanar nossas duvidas é com certeza um grande diferencial profissional!
Muito obrigado por me atender prontamente, e sucesso com o blog!
Conheci tua pagina pesquisando o assunto no Google, chamou a atenção o forte domínio do assunto. Parabéns!
Com certeza você será indicado aos meus amigos da Capital.
Forte abraço!
Renato D. Okiyama
vlew Renato!Obrigado pelos elogios!
Olá boa noite!
Sou funileiro e pintor também, tire uma dúvida minha, quando sr usa massa rápida com o passar do tempo não da bolhas na pintora?
Desde já obrigado
Olá, Alison. Quando aplicada corretamente, a massa rápida substitui com vantagens a massa poliéster seguida de primer PU. devido ao tempo de secagem que é menor, mas evite camadas grossas e utilize-a somente para remover os riscos mais profundos de lixas, bem como eliminar poros de massa plástica. Para evitar bolhas, não passe massa diretamente na chapa, aplicando fundo rápido antes. Sempre deu certo e o resultado é garantido, mesmo ao longo do tempo! Abraços!
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