Aqui está ele, nunca foi batizado, mas pelo esmero na sua construção bem que poderia ter um nome. Para ser chamado de Jipe, falta apenas ter tração nas quatro rodas, mas não tem. Porém é robusto e grande o suficiente para superar a categoria dos bugues. Vou então chama-lo de Super Buggy. Conforme irei mostrando o trabalho realizado nele, vou contando como ele foi construído...
Na foto ao lado, o Super Buggy de perfil. Todo construído no padrão monobloco, isto quer dizer que ele não é como os bugues comuns que normalmente usam o chassis do Fusca como estrutura básica, o que facilita muito em relação aos detalhes. Toda a sua estrutura foi montada com tubos, recebendo chapas nos assoalhos e laterais. Material para serralheria, basicamente.
Equipado com o motor do Santana, um motor potente refrigerado a água que fica ainda mais eficiente aqui no Super Buggy, pois ele é mais leve que o Santana. O radiador foi instalado no lado esquerdo do motor, eu não conferi isto, mas deduzo que a rotação da ventoinha foi invertida já que ele está na traseira do veiculo. Podemos ver aqui o tanque de combustível da Kombi. Todo este conjunto fica exposto.
As mangas-de-eixo dianteiras são especiais adaptadas numa suspensão de Brasilia, tem como objetivo elevar a altura em relação ao solo. Aliado aos pneus especiais off-road, tornam o Super Buggy apto a superar os mais difíceis caminhos. Equipado com freio à disco nas quatro rodas: Foram usados discos de freio e pinças também da Brasilia.
Ao lado vemos um detalhe da suspensão traseira, que aliás é a da Kombi, notem que o facão foi cortado para aumentar seu ângulo de abertura, desta forma conseguiram elevar a altura da traseira bem como aumentar o curso vertical do eixo traseiro, fazendo com que o Super Buggy se adaptasse melhor aos possíveis desníveis no caminho. Como numa Kombi o peso é maior, a barra de torção também foi trocada por uma de fusca.
Talvez devido ao grande espaçamento entre pontos de solda, ou mesmo ao stress que foi submetido, em vários pontos ocorreram fissuras estruturais as quais ressoldei, desta vez diminui a distancia entre os ponto de solda para reduzir os riscos de ocorrerem novas fissuras futuras, como mostra a foto ao lado da lateral e para-lama dianteiros do lado direito.
No lado esquerdo, a lateral e o para-lama dianteiro foram bem danificados por uma colisão, na foto o local já foi desamassado e soldado. As chapas usadas na carroceria do Super Buggy são as mesmas usadas nas serralherias, mais grossas e resistentes do que as da industria automotiva, conferindo a ele a robustez similar a de um trator.
No console do painel de instrumentos, mais amassados e fissuras. O Super Buggy possui os seguintes instrumentos: marcador de combustível, marcador de temperatura e amperímetro (aparelho que registra a alimentação elétrica). Também fazem parte do painel as tradicionais lâmpadas de ignição, pressão do óleo e a luz indicadora das setas, além do botão que aciona os faróis e lanternas. Só faltaram um velocímetro e um conta-giros, mas como tudo funciona perfeitamente, méritos ao construtor...
Após removermos as massas usadas no acabamento do painel, desamassamos e ressoldamos as fissuras, sempre diminuindo as distancias entre os pontos. Sobre o para-brisas do Super Buggy: O para-brisas foi feito sobre medida, dificultando a reposição do mesmo em caso de quebra.
Na foto ao lado vemos colados no para-brisa os selos de inspeção veicular obrigatória. O Super Buggy está com seus documentos em dia e apto a rodar nas ruas das metrópoles tanto quanto a fazer trilhas off-road. Este é, na minha opinião, o maior mérito na sua construção. A legalização através dos documentos emitidos pelos órgãos de transito, legitimando ainda mais o sucesso do trabalho.
Bem, seguindo com a restauração... Após todas as soldas concluídas e amassados corrigidos, é aplicado um primer bem diluído, sobre ele a massa plástica que devidamente lixada, promove o nivelamento da lataria. Na foto ao lado vemos as partes masseadas cobertas por um primer selante aplicado à pincel. O veículo será pintado em três cores principais, todas com efeito fosqueado.
A estrutura superior construída com tubos retos, arcos e traves, foi projetada para no futuro ser também o local de fixação do estepe. Após remover toda a pintura antiga e isola-la com um primer universal, ela recebe a tinta P.U. na cor azul universo. Sobre o azul eu apliquei um verniz misturado com pasta fosqueante, obtendo um acabamento levemente fosco, atendendo o gosto do cliente. Na foto ao lado vemos esta etapa concluída.
Isolando a parte superior (já finalizada), vamos nos dedicar a repintar a parte externa inferior. Vamos aplicando o esmalte P.U. branco geada até a cobertura do primer anteriormente aplicado, três passadas são suficientes para conseguir este resultado. Na foto ao lado, observem o capô levantado, ele foi construído sob medida e por encomenda. Trata-se de uma chapa única mais espessa cortada e vincada segundo o projeto do Super Buggy. Talvez a única peça de lataria que não foi feita na garagem do construtor.
Após conseguirmos encobrir o fundo, vamos realizar o fosqueamento da pintura. Eu lixei a área pintada e apliquei mais duas passadas, desta vez acrescentando uma boa quantidade de pasta fosqueante a mistura do esmalte P.U.. Na foto ao lado vemos o resultado desta etapa do trabalho. Todas as demais áreas, incluindo os para-choques, serão pintados em preto fosco...
As rodas de aro 15 que equipam o Super Buggy são as mesmas da pick-up Ranger, mas os discos e os cubos das rodas foram adaptados a elas, pois eram incompatíveis. Seus pneus lameiros são remoldados, maximizados no perfil, conferem altura e garra para todos os tipos de terreno. Pintamos as rodas com o prata bari, no intuito de acrescentar um detalhe atraente na visão geral, acho que conseguimos.
Bem, estamos quase terminando. Após mascararmos as partes pintadas em branco, efetuamos a pintura do preto fosco sobre as demais áreas, basicamente sob os para-lamas, suspensão, assoalho, etc. Procurando não deixar nenhuma parte sem receber o acabamento, mesmo as partes não visíveis foram pintadas, afinal desejamos prevenir quanto a futuros ataques de ferrugem, além do resultado estético, é claro.
A foto ao lado nos dá mais detalhes na construção: Vemos assinalado pela linha tracejada amarela uma travessa na qual foram soldados suportes para ancorar os coxins do motor. A linha vermelha, o câmbio da Kombi: ele foi adaptado para ganhar mais torque. A linha azul claro aponta a base de suspensão, também da Kombi (a barra de torção também foi adaptada, ficando mais flexível). Finalmente a linha azul escuro assinala uma grade tubular externa ao assoalho, em substituição ao túnel do chassi, esta grade confirma a condição do Super Buggy ser um veículo monobloco construído a partir de um projeto independente e não uma simples adaptação de outro veiculo.
Na foto ao lado vemos com mais nitidez a travessa que sustenta o motor. Os dois suportes laterais e seus coxins, ainda existe outro ponto de apoio superior no painel traseiro (que é móvel), conforme a especificação do próprio motor do Santana, este detalhe fundamental não foi esquecido. Com isso o funcionamento do motor se faz sem trepidações.
Nas fotos acima o Super Buggy pronto e aguardando seu dono vir busca-lo para percorrer novas trilhas off-road. Muito obrigado pela atenção e até a próxima postagem!
12 comentários:
Wilson parabems por mais esse belo trabalho e otimo texto e parabems tb ao construtor...
Obrigado pela visita e comentário Daniel!
Muito legal, sou engenheiro mecânico e tenho o sonho de poder construir e licenciar um carro tão exclusivo quanto este.
Admiro seu trabalho, e seu conhecimento está me ajudando bastante.
Abs.
Olá Gerson! Espero que consiga realizar seu sonho! Mas já adianto que no Brasil, com sua burocracia e reserva de mercado voltada para a arrecadação de impostos, as dificuldades ficam ainda maiores... Construir é até fácil, mas legalizar... Uma batalha!
Olá Rodrigo! Acho que a reforma do Maverick será de grande valia no rumo ao conhecimento, além de um ótimo divertimento! Na internet um curso que considero bem expressivo é o do Kazukiko Kobayashi. Bem como seus tutoriais em vídeo em seu canal no youtube (sprex japan). Sobre os sites é preciso garimpa-los tendo como ponto de partida questões específicas. Exemplo: "Maverick V8" e os resultados aparecem, depois é só filtra-los e formar um grande acervo de informações. Obrigado pela visita e boa sorte!
Cara, gostei muito do seu blog.
Eu tenho 17 anos, e eu e meu pai fizemos um acordo q seu entrasse na faculdade a gente (ele) compraria um v8 para reformar, nos queriamos um charger 69 inicialmente, mas nao achamos um, e acabou que achamos um Maverick 76. E eu sou apaixonado por carros, desde pequenos tenho uma colecao de miniaturas de v8, eu ate faco engenharia mecanica por causa disso, e eu queria saber se tem algum curso que explique bem coisas sobre funilaria e pintura, e algum site que explique bem coisas sobre a mecanica do carro, eu entendo bem algumas coisas mas tem muitos termos tecnicos que nao conheco, e eu nao quero esperar ate o 5o ano da faculdade pra aprender.
Obrigado.
0la Wilson tudo certo .gostaria que vc me tirasse uma duvida, qual a diferença entre a massa plastica e massa poliéster a aplicação é a mesma e qual a melhor obrigado abraço,,,
Olá Mardonio! A massa plástica é um produto antigo feito de resina de poliéster que substituiu o estanho no nivelamento das chapas, hoje ela é denominada "adesivo plastico" ou "cola plastica" sendo um produto usado em diversas áreas de trabalho. A massa de poliéster é um produto que evoluiu da massa plástica, portanto uma massa plástica melhorada, para o uso em funilaria e pintura automotiva. No meio das duas está a massa light, que usa o catalizador liquido, como a massa antiga e cargas leves e mais fáceis de lixar como a massa poliéster. Quando bem trabalhadas, todas resolvem mas evidentemente as mais caras facilitam o trabalho.
ola Wilson tudo certo estou com um problema aqui e gostaria de sua opinião,pintei um capo e o mesmo depois de polido apresentou vários olho de peixe creio que o nome do problema seja o mesmo ai,fiz o lixamento do verniz retoquei e reapliquei o verniz mas novamente apos o polimento o mesmo problema olho de peixe fiz todo o processo de descontaminação da peça e agora não sei mas o que fazer preciso de uma dica obrigado...
Bem Mardonio, conforme foi relatado não é possível determinar a causa, já que o problema reaparece após a descontaminação da chapa. Dicas: Acrescentar sabão neutro na água que será usada para o lixamento com 800. Limpeza do equipamento (pistola e compressor). Troca do verniz. Calibragem da pistola. Boa sorte!
Wilson, bom dia ! Parabéns pelo trabalho, ficou excelente. Embora já tenha bastante tempo que você postou este artigo, também tenho interesse em fazer uma gaiola e achei muito interessante o projeto executado pelo construtor, se possível me tira uma dúvida, foi utilizado o chassis de uma Kombi. Parabéns ao construtor, foi o trabalho caseiro mais interessante que encontrei na NET. Agradecido, José Verdolin.
Olá José! Sim, foi usado em parte o chassi de uma Kombi. Lembro que o construtor me disse que foi um detalhe crucial o enxerto do pedaço de chassi com a estrutura feita por ele.
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