Muitos procedimentos foram criados para desamassar carros, todos produzidos pela criatividade dos restauradores que evoluem tanto quanto evoluem os veículos. Entretanto nenhum destes procedimentos possui um custo menor e/ou um resultado mais eficiente que o da técnica da funilaria artesanal. Usamos o termo "artesanal" devido ao fato de que ela é toda manual, sem máquinas especiais, somente ferramentas simples (muitas construídas e/ou adaptadas pelo próprio funileiro).
No trabalho realizado para ilustrar esta postagem, utilizei na primeira fase do restauro (a fase de desamassamento) as ferramentas mostradas na foto ao lado: Da esquerda para a direita, tasso em curva, abrasadeira, tasso cunha, marreta de borracha, martelo macio, martelo de chapeação com ponta, talhadeira longa sem ponta, talhadeira curta sem ponta, alavanca de borracheiro e haste dobrada de vergalhão. Notem que os quatro últimos são ferramentas adaptadas segundo a necessidade, a pratica e a eficiência.
Na foto ao lado, a tampa traseira de um Palio Fire após ter sido danificada por uma colisão. O cliente espera que o orçamento do reparo inclua a troca da tampa, o material e a mão-de-obra da pintura da tampa nova e evidentemente o valor da tampa nova, já que ele não quer (obviamente) que seu carro apresente indícios de que foi amassado. São apresentados a ele dois orçamentos: Um com a troca da tampa e outro reparando a tampa amassada. Como uma tampa nova seria pintada inteira (por dentro inclusive), consideramos a mão-de-obra da troca da tampa mais demorada e difícil do que o restauro e retoque da tampa danificada (que seria repintada somente por fora após a funilaria artesanal ser aplicada). Portanto o restauro sai muito mais barato do que a troca. E fica bom? Pergunta o cliente. Sim, e garantido! Confiando no parecer profissional a ele dado o cliente autoriza o restauro, agora mãos a obra...
A primeira etapa do restauro é a analise do amassado: Vamos definir os abalos mais profundos, o epicentro da batida (normalmente o local mais afundado), os locais abaulados para fora, abaulados para dentro, vincos originais distorcidos e vincos agudos originados pela batida. Todos identificados nesta batida. Na foto ao lado (clique na foto para ver melhor) as setas azuis apontam os calombos ou abaulados para fora, as setas vermelhas apontam para os afundados, as linhas tracejadas em vermelho os vincos originais distorcidos, sendo que entre as linhas tracejadas identificamos o epicentro da batida.
É feita a desmontagem de todas as peças que dificultariam o trabalho, inclusive do vidro. Removida a forração interna usamos a alavanca para empurrar para fora os afundados mais profundos, nesta operação a alavanca é apoiada na chapa interna da tampa. Vamos atacando o amassado a partir do seu epicentro. Observe na foto ao lado que houve uma grande melhora no formato do vinco inferior, mas os abalos mais agudos, apesar de diminuídos, continuam todos lá. Com esta primeira investida bem sucedida, pois o amassado diminuiu, vamos atacar os abaulados para fora (aqueles identificados pelas setas azuis).
Usando a marreta de borracha, para não causar distensão na espessura da chapa (um cuidado que deve ser tomado do começo ao fim do trabalho), vamos rebater os abaulados para fora (ou calombos). Na foto ao lado eu ainda aproveitei a marreta de borracha para diminuir mais ainda o amassado batendo sobre pontos apoiados internamente, usando o principio da ação e reação, que é a base da funilaria artesanal. Na foto a seguir tentarei demonstrar na prática como isto funciona, detalhadamente.
Como disse, a base do trabalho de restauração de amassados está no conceito de ação e reação, ou seja: cada ação aplicada na chapa é devolvida por ela no sentido inverso. Desta forma podemos trazer os locais afundados para fora pressionando internamente sobre os mesmos, simultaneamente a ação de bater, que no caso de um afundado, é realizada com uma ferramenta chamada de "lima abrasadeira" ou simplesmente abrasadeira. Já para os pontos que identificamos como altos, usamos o martelo de funileiro ou martelo de chapeação, porem não pressionamos internamente pois queremos que o calombo recue. Na foto ao lado, toda a área do amassado foi rebatida.
Após considerarmos satisfatório o resultado conseguido na etapa de rebatimentos, passamos para o nivelamento com acréscimo de material e lixamento (foto ao lado). Usando o taco em uma lixa 60 de papel, começamos a promover o nivelamento a partir do material existente na própria peça. Sempre manualmente para não comprometer grandes áreas do revestimento anti-ferrugem e muito menos diminuir a espessura da chapa original, que ocorreria se usássemos máquinas elétricas. O trabalho manual pode parecer mais demorado e difícil mas é a melhor forma de controlar os resultados, pois sentimos os desníveis e retrabalhamos e corrigimos os mesmos.
Para a próxima etapa, primeiramente nos certificamos que não há em nenhuma área material solto e oleosidade, retiramos a poeira com o gatilho de ar e iniciamos a aplicação da massa niveladora, que pode ser a massa plástica light de baixa densidade ou a massa poliéster. Ambas quando bem preparadas e utilizadas não comprometem os resultados do conserto mesmo após a ação do tempo. Quase todos os defeitos que surgem em decorrência do uso de massas devem-se a erros na aplicação ou no preparo. A aplicação deve ser sempre direcionada, usamos o aplicador como se fosse também um nivelador, retirando excessos e remanejando o material ainda pastoso, mas devemos ser rápidos pois a massa logo fica imprópria para o manuseio devido ao processo de cura ser disparado logo após a mistura do catalizador. Ao lado esta etapa concluída.
Cada etapa quando bem concluída facilita a consecução da próxima, portanto devemos caprichar ao máximo em cada momento do trabalho, mas sempre levando em consideração que as etapas estão interligadas, podendo ser retrabalhadas a qualquer momento, sobretudo na etapa ao lado (lixamento da massa). Efetuamos o lixamento sempre com tacos e após lixarmos toda a área danificada fazemos os repasses de massa nos locais ainda com defeitos de nível ou porosidades. A foto ao lado mostra justamente este momento.
A funilaria artesanal (especificamente) já foi concluída a quatro etapas, mas como é de praxe, seguimos com a preparação, corrigindo e melhorando o restauro nas etapas posteriores, pois um restaurador deve dominar um trabalho do começo ao fim, absolvendo técnicas de diferentes atividades, neste reparo efetuamos os trabalhos de funileiro, vidraceiro e pintor. Na foto ao lado a peça está selada com o primer, a massa plástica foi lixada até a grana 220 à seco e após o primer houve correções com massa rápida nos poros e riscos remanescentes.
Estando pronta a preparação, reduzimos o lixamento até a grana 400 e iniciamos a aplicação da base poliéster até a cobertura total do primer e das manchas da massa rápida. Normalmente, riscos na superfície ainda permanecem (minimamente) pois o poliéster tem pouco poder de cobertura, corrigimos com o lixamento da base com lixa 600 (com água) para então prosseguirmos aplicando camadas leves e secas para encobrir os riscos causados pela lixa 600.
Consumado a aplicação da base poliéster, efetuamos a aplicação do verniz P.U., são duas passadas obrigatórias, mas eu sempre aplico uma terceira mais fina para garantir o polimento (como já comentei em outras postagens). Aguardamos no minimo quatro horas para efetuarmos a montagem e o polimento. O tempo total que levei para realizar este trabalho foi de três dias e meio e a chave-mestra para a consecução do mesmo foi a tradicional técnica da funilaria artesanal, que basicamente é a mesma desde os primórdios da profissão porem, dado as mudanças sofridas pela espessura e tratamento das latarias automotivas, foi adaptada para os dias atuais. Ela demonstra sobretudo, que em funilaria automotiva a capacidade do profissional pode superar os recursos e métodos hoje disponibilizados.
Quaisquer dúvidas, sugestões para postagens futuras, criticas e comentários fiquem a vontade... Até a próxima!
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segunda-feira, 20 de maio de 2013
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
O Cobalt e a Técnica do Lixamento Progressivo
No trabalho realizado neste Cobalt, vou demonstrar uma técnica de trabalho que quando meticulosa e sistematicamente aplicada elimina a necessidade do uso de complementos para preparação de superfície, além de permitir um controle do trabalho, revelando os defeitos da chapa a serem corrigidos. Trata-se de um trabalho em uma área grande, porém eu recomendo principalmente nos retoques menores, ganhando-se tempo na realização do serviço. Optei por este procedimento (neste caso específico) principalmente para salvar as peças amassadas, já que o procedimento me permitiria o controle do trabalho de restauro do inicio ao fim da funilaria, e continuei o procedimento na pintura, após a aplicação do acabamento. Vamos a ele?
Na foto ao lado: A análise prévia do trabalho (click na foto para ver melhor), nas áreas assinaladas com o azul pontilhado ocorreram abalos maiores e portanto são mais delicadas para o restauro, nas áreas assinaladas em vermelho, a deformação do alinhamento (serão conferidas a todo instante durante o processo de desamassamento), finalmente as áreas em amarelo demonstram os vincos originais de fábrica, que estampam design do carro, (devem ser preservados e restaurados).
Ao lado vemos a porta dianteira direita em detalhes, sua análise é fundamental para o restauro. Portanto o trabalho começa na análise, antes mesmo do uso das ferramentas, estudamos o amassado e verificamos onde devemos bater ou empurrar, e quais são as áreas críticas. No tracejado em vermelho ocorreram calombos que serão rebatidos de fora para dentro com o martelo de borracha, na área demarcada em azul ocorreu um grande afundamento que será empurrado de dentro para fora, ao mesmo tempo que rebatemos os calombos para baixo. As ações precisam ser controladas e conferidas a todo instante, pois um bom trabalho deve evoluir naturalmente, a cada passo no processo de desamassamento criamos um novo panorama do amassado, até ficarmos satisfeitos e seguirmos para a próxima etapa.
Aqui vemos um amassado fechado, no pé da coluna da porta traseira, cujo procedimento de restauro é realizado de fora para dentro. Analisando o amassado vemos a área em calombo em amarelo. O afundamento em vermelho e determinamos a deformação total em azul.
Finalmente o último abalo neste trabalho, ocorrido na lateral traseira direita. Um amassado fechado que inicialmente será repuxado através de parafusos e batidas simultâneas ao repuxo. Técnica já definida em outras postagens e que relembraremos.
Ao lado a porta dianteira esquerda mostra o resultado da primeira e mais importante ação no restauro que é o desamassamento, é a partir daí que vamos ter a certeza de que o trabalho terá sucesso. Uma observação importante nesta fase: Em áreas com abalos grandes, como no caso, o uso da marreta de borracha e de madeiras de apoio é fundamental para evitar que a chapa se distenda ao ser rebatida, o que causaria danos irreversíveis ou dificultaria ainda mais o restauro.
Aqui a porta traseira após ser rebatida. Notamos o alinhamento com a porta dianteira e vemos que as distancias voltam ao padrão original, comparando com o outro lado do carro. É importante observar que em determinados momentos foi necessário a ajuda de outra pessoa para segurar o apoio ou rebater, dado que as ações são simultâneas (bater e apoiar).
Cortei com uma talhadeira fina a coluna para recompor o alinhamento e desta forma evitar o uso excessivo de massa plástica. Optei por um único corte ao invés de abrir uma janela, justamente para facilitar a soldagem posterior. Após o corte alavanquei com a própria talhadeira os afundados e rebati-os por fora. Também fiz alguns furos pequenos e inserindo parafusos pude repuxar afundados (serão tapados com solda).
Aqui nesta foto o último estrago, após rebater os calombos, furei e inseri parafusos para puxar os afundados, sempre lembrando que devemos ao mesmo tempo que puxamos um afundado devemos bater nos calombos e observarmos o resultado obtido, projetando novas investidas até passarmos para a próxima etapa...
...Que é aquilo que eu realmente gostaria de demonstrar nesta postagem: A Técnica do Lixamento Progressivo. Na foto ao lado, iniciamos o lixamento progressivo, sempre com tacos, vamos lixar toda a área amassada que foi rebatida e alinhada. A grana de lixa escolhida foi a 80 de papel à seco. Neste procedimento vamos revelando ainda mais os defeitos da superfície que estamos trabalhando. Um outro benefício desta técnica é que não removemos o tratamento original que a lataria do carro recebe. É fundamental ressaltar que todo o lixamento deve ser manual, para que seja aproveitado o próprio material já existente na chapa para o seu nivelamento.
Para demonstrar que os buracos não foram simplesmente recobertos por massa, mostro na foto ao lado os locais aonde foram feitos soldagens com estanho, um material que se funde a baixas temperaturas, excelente para esta finalidade uma vez que tanto o corte como os furos não causaram nenhum dano estrutural e a solda com estanho preserva as condições originais internas e o tratamento externo sofre menos danos no seu revestimento, dado que a chapa não chega a ser aquecida ao rubro o que aconteceria se fossemos usar outro tipo de soldagem. Após as soldas, desengraxamos e lixamos com a lixa 80, como foi feito nas portas. Mais um detalhe nesta etapa: Não devemos forçar o taco contra a chapa mas correr o taco e lixa sem pressionar nivelando a chapa a partir do material que ela já possui. Alem do que forçar a chapa em grandes áreas como as portas faz com que ela afunde e prejudique a ação de revelar os defeitos que vamos corrigir nas próximas etapas...
Seguindo, vamos aplicar a massa plástica orientados pelo mapa deixado na etapa anterior. Desta forma selecionamos os locais aonde sua espessura deve ser maior ou menor, controlando o trabalho e o resultado, economizando material e esforço. Em áreas vincadas fazemos a proteção/marcação do vinco com fita crepe, uma técnica demonstrada com detalhes na postagem: Duas técnicas: Amortecimento e Masseamento Localizado (click e entenda melhor sobre o masseamento localizado) técnica ideal para a restauração de vincos.
Preparando pequenas quantidades de massa plástica para que a mesma não endureça antes de ser usada, vamos cobrindo toda a área. Neste trabalho especificamente eu utilizei massa plástica de baixa densidade, comercialmente conhecida como "massa light".
Após o lixamento da massa plástica (ainda com lixa 80), vemos que as imperfeições diminuíram, porem não desapareceram por completo. Visualizamos melhor com o corretor de lixamento. Corretor de lixamento é uma forma de controle que criei para que os defeitos do lixamento fossem revelados e corrigidos. Usando uma régua de alumínio de aproximadamente quarenta centímetros (idêntica a que usamos para dosar tintas) vamos raspando com ela uniformemente toda a área lixada, com isto fazemos o mapeamento de todos os defeitos. Na foto os círculos apontam exemplos de defeito revelados (click na foto para ver melhor). Devemos então repassar a massa nestes locais, lixar novamente até obtermos o nivelamento total.
Após realizarmos o procedimento citado acima em todos os locais avariados, vamos reduzir a grana das lixas gradativamente. Explicando melhor: Até o final da etapa anterior estávamos utilizando somente a lixa 80 à seco e com ela conseguimos nivelar todos os danos, nesta etapa vamos definitivamente preparar o trabalho para a pintura, de maneira direta, fazendo uso unicamente da técnica do lixamento progressivo. A foto mostra o resultado final, após lixarmos tudo com lixa 80, recomeçamos do inicio com lixa 150, indo até o final. Tudo lixado com 150, voltamos ao inicio e reduzimos o lixamento para 220, em seguida 400 e 600. As áreas em cinza são áreas masseadas com massa rápida, para correção de porosidade na massa plástica, foram passadas após o lixamento com 150, lixadas com 150 e reduzidas junto com as demais áreas até a grana 600.
Ao lado o inicio da pintura. O acabamento é o esmalte P.U., uma tinta de alto poder de cobertura, fundamental para o êxito deste trabalho (se fosse o poliéster o procedimento seria outro). A foto mostra o trabalho após a aplicação da primeira passada, como vamos continuar com a técnica do lixamento progressivo após a pintura, aplicarei duas passadas extras, para compensar o material retirado no lixamento, totalizando seis passadas (mais o alastrador, nas emendas de retoque). Volto a ressaltar que a preparação anterior através do lixamento progressivo e o alto poder de cobertura do esmalte P.U. possibilitaram a aplicação do acabamento logo após o término do lixamento das massas. De outra forma teríamos que efetuar a aplicação de primer de enchimento após a etapa de lixamento com 150.
Continuando... O esmalte P.U. em geral após a terceira passada já alcança a total cobertura, eu costumo aplicar uma última passada mais fina para compensar a retirada de material no polimento, totalizando quatro passadas, isto normalmente, mas como estamos em um caso especial de procedimento, foram aplicadas duas passadas extras. Após a secagem (cerca de quatro horas) reiniciamos o lixamento progressivo. Sempre com o taco (eu uso para o lixamento de tintas tacos de borracha macia, feitos de sola de chinelos do tipo havaianas). Também vale ressaltar que no lixamento de tintas é aconselhável faze-lo com água para evitar riscos profundos, usando as mesmas lixas à seco de papel, mas molhando a superfície com um borrifador. Lixamos tudo com 400 (alisando principalmente áreas mais texturizadas), reduzindo para 600 todos os riscos feitos pela lixa 400, reduzindo para 800 os riscos feitos pela lixa 600 e finalmente reduzindo para 1200 os riscos feitos pela lixa 800. À seguir é feito o polimento (na foto a porta dianteira já começou a ser polida, as demais áreas estão lixadas até a grana 1200).
Acima o trabalho finalmente concluído. Qualquer dúvida, crítica ou comentário estarei a disposição. Um grande abraço e até a próxima!!
Na foto ao lado: A análise prévia do trabalho (click na foto para ver melhor), nas áreas assinaladas com o azul pontilhado ocorreram abalos maiores e portanto são mais delicadas para o restauro, nas áreas assinaladas em vermelho, a deformação do alinhamento (serão conferidas a todo instante durante o processo de desamassamento), finalmente as áreas em amarelo demonstram os vincos originais de fábrica, que estampam design do carro, (devem ser preservados e restaurados).
Ao lado vemos a porta dianteira direita em detalhes, sua análise é fundamental para o restauro. Portanto o trabalho começa na análise, antes mesmo do uso das ferramentas, estudamos o amassado e verificamos onde devemos bater ou empurrar, e quais são as áreas críticas. No tracejado em vermelho ocorreram calombos que serão rebatidos de fora para dentro com o martelo de borracha, na área demarcada em azul ocorreu um grande afundamento que será empurrado de dentro para fora, ao mesmo tempo que rebatemos os calombos para baixo. As ações precisam ser controladas e conferidas a todo instante, pois um bom trabalho deve evoluir naturalmente, a cada passo no processo de desamassamento criamos um novo panorama do amassado, até ficarmos satisfeitos e seguirmos para a próxima etapa.
Aqui vemos um amassado fechado, no pé da coluna da porta traseira, cujo procedimento de restauro é realizado de fora para dentro. Analisando o amassado vemos a área em calombo em amarelo. O afundamento em vermelho e determinamos a deformação total em azul.
Finalmente o último abalo neste trabalho, ocorrido na lateral traseira direita. Um amassado fechado que inicialmente será repuxado através de parafusos e batidas simultâneas ao repuxo. Técnica já definida em outras postagens e que relembraremos.
Ao lado a porta dianteira esquerda mostra o resultado da primeira e mais importante ação no restauro que é o desamassamento, é a partir daí que vamos ter a certeza de que o trabalho terá sucesso. Uma observação importante nesta fase: Em áreas com abalos grandes, como no caso, o uso da marreta de borracha e de madeiras de apoio é fundamental para evitar que a chapa se distenda ao ser rebatida, o que causaria danos irreversíveis ou dificultaria ainda mais o restauro.
Aqui a porta traseira após ser rebatida. Notamos o alinhamento com a porta dianteira e vemos que as distancias voltam ao padrão original, comparando com o outro lado do carro. É importante observar que em determinados momentos foi necessário a ajuda de outra pessoa para segurar o apoio ou rebater, dado que as ações são simultâneas (bater e apoiar).
Cortei com uma talhadeira fina a coluna para recompor o alinhamento e desta forma evitar o uso excessivo de massa plástica. Optei por um único corte ao invés de abrir uma janela, justamente para facilitar a soldagem posterior. Após o corte alavanquei com a própria talhadeira os afundados e rebati-os por fora. Também fiz alguns furos pequenos e inserindo parafusos pude repuxar afundados (serão tapados com solda).
Aqui nesta foto o último estrago, após rebater os calombos, furei e inseri parafusos para puxar os afundados, sempre lembrando que devemos ao mesmo tempo que puxamos um afundado devemos bater nos calombos e observarmos o resultado obtido, projetando novas investidas até passarmos para a próxima etapa...
...Que é aquilo que eu realmente gostaria de demonstrar nesta postagem: A Técnica do Lixamento Progressivo. Na foto ao lado, iniciamos o lixamento progressivo, sempre com tacos, vamos lixar toda a área amassada que foi rebatida e alinhada. A grana de lixa escolhida foi a 80 de papel à seco. Neste procedimento vamos revelando ainda mais os defeitos da superfície que estamos trabalhando. Um outro benefício desta técnica é que não removemos o tratamento original que a lataria do carro recebe. É fundamental ressaltar que todo o lixamento deve ser manual, para que seja aproveitado o próprio material já existente na chapa para o seu nivelamento.
Para demonstrar que os buracos não foram simplesmente recobertos por massa, mostro na foto ao lado os locais aonde foram feitos soldagens com estanho, um material que se funde a baixas temperaturas, excelente para esta finalidade uma vez que tanto o corte como os furos não causaram nenhum dano estrutural e a solda com estanho preserva as condições originais internas e o tratamento externo sofre menos danos no seu revestimento, dado que a chapa não chega a ser aquecida ao rubro o que aconteceria se fossemos usar outro tipo de soldagem. Após as soldas, desengraxamos e lixamos com a lixa 80, como foi feito nas portas. Mais um detalhe nesta etapa: Não devemos forçar o taco contra a chapa mas correr o taco e lixa sem pressionar nivelando a chapa a partir do material que ela já possui. Alem do que forçar a chapa em grandes áreas como as portas faz com que ela afunde e prejudique a ação de revelar os defeitos que vamos corrigir nas próximas etapas...
Seguindo, vamos aplicar a massa plástica orientados pelo mapa deixado na etapa anterior. Desta forma selecionamos os locais aonde sua espessura deve ser maior ou menor, controlando o trabalho e o resultado, economizando material e esforço. Em áreas vincadas fazemos a proteção/marcação do vinco com fita crepe, uma técnica demonstrada com detalhes na postagem: Duas técnicas: Amortecimento e Masseamento Localizado (click e entenda melhor sobre o masseamento localizado) técnica ideal para a restauração de vincos.
Preparando pequenas quantidades de massa plástica para que a mesma não endureça antes de ser usada, vamos cobrindo toda a área. Neste trabalho especificamente eu utilizei massa plástica de baixa densidade, comercialmente conhecida como "massa light".
Após o lixamento da massa plástica (ainda com lixa 80), vemos que as imperfeições diminuíram, porem não desapareceram por completo. Visualizamos melhor com o corretor de lixamento. Corretor de lixamento é uma forma de controle que criei para que os defeitos do lixamento fossem revelados e corrigidos. Usando uma régua de alumínio de aproximadamente quarenta centímetros (idêntica a que usamos para dosar tintas) vamos raspando com ela uniformemente toda a área lixada, com isto fazemos o mapeamento de todos os defeitos. Na foto os círculos apontam exemplos de defeito revelados (click na foto para ver melhor). Devemos então repassar a massa nestes locais, lixar novamente até obtermos o nivelamento total.
Após realizarmos o procedimento citado acima em todos os locais avariados, vamos reduzir a grana das lixas gradativamente. Explicando melhor: Até o final da etapa anterior estávamos utilizando somente a lixa 80 à seco e com ela conseguimos nivelar todos os danos, nesta etapa vamos definitivamente preparar o trabalho para a pintura, de maneira direta, fazendo uso unicamente da técnica do lixamento progressivo. A foto mostra o resultado final, após lixarmos tudo com lixa 80, recomeçamos do inicio com lixa 150, indo até o final. Tudo lixado com 150, voltamos ao inicio e reduzimos o lixamento para 220, em seguida 400 e 600. As áreas em cinza são áreas masseadas com massa rápida, para correção de porosidade na massa plástica, foram passadas após o lixamento com 150, lixadas com 150 e reduzidas junto com as demais áreas até a grana 600.
Ao lado o inicio da pintura. O acabamento é o esmalte P.U., uma tinta de alto poder de cobertura, fundamental para o êxito deste trabalho (se fosse o poliéster o procedimento seria outro). A foto mostra o trabalho após a aplicação da primeira passada, como vamos continuar com a técnica do lixamento progressivo após a pintura, aplicarei duas passadas extras, para compensar o material retirado no lixamento, totalizando seis passadas (mais o alastrador, nas emendas de retoque). Volto a ressaltar que a preparação anterior através do lixamento progressivo e o alto poder de cobertura do esmalte P.U. possibilitaram a aplicação do acabamento logo após o término do lixamento das massas. De outra forma teríamos que efetuar a aplicação de primer de enchimento após a etapa de lixamento com 150.
Continuando... O esmalte P.U. em geral após a terceira passada já alcança a total cobertura, eu costumo aplicar uma última passada mais fina para compensar a retirada de material no polimento, totalizando quatro passadas, isto normalmente, mas como estamos em um caso especial de procedimento, foram aplicadas duas passadas extras. Após a secagem (cerca de quatro horas) reiniciamos o lixamento progressivo. Sempre com o taco (eu uso para o lixamento de tintas tacos de borracha macia, feitos de sola de chinelos do tipo havaianas). Também vale ressaltar que no lixamento de tintas é aconselhável faze-lo com água para evitar riscos profundos, usando as mesmas lixas à seco de papel, mas molhando a superfície com um borrifador. Lixamos tudo com 400 (alisando principalmente áreas mais texturizadas), reduzindo para 600 todos os riscos feitos pela lixa 400, reduzindo para 800 os riscos feitos pela lixa 600 e finalmente reduzindo para 1200 os riscos feitos pela lixa 800. À seguir é feito o polimento (na foto a porta dianteira já começou a ser polida, as demais áreas estão lixadas até a grana 1200).
Acima o trabalho finalmente concluído. Qualquer dúvida, crítica ou comentário estarei a disposição. Um grande abraço e até a próxima!!
sexta-feira, 22 de junho de 2012
Duas técnicas: Amortecimento e Masseamento Localizado
Como podemos restaurar peças que são consideradas perdidas? Destacando a atividade do restaurador automotivo, não simplesmente trocando pecas, mas usando as mesmas, economizando dinheiro do cliente e valorizando o trabalho manual do funileiro. Pra isto vou fazer um passo-à-passo no restauro deste Idea que colidiu na lateral atingindo também o para-lama direito, o qual será usado para demonstração de duas técnicas fundamentais em amassados. Vamos a ele?
Quanto as pancadas, estas não podem, neste momento do trabalho serem diretas, também elas devem ser amortecidas, "amortecimento direto", na foto 05 as setas apontam pedaços de madeira que são usados para amortecer as pancadas e distribuir o impacto numa área maior, antes de cada pancada, posicionamos a madeira contra a chapa apoiada no piso forrado, somente uma pancada a cada posicionamento. Uma pancada e a conferência do resultado, até que o trabalho esteja evoluindo por si mesmo, a partir daí, o que vai contar é a paciência e o esmero do profissional.
Após alguma evolução do trabalho, vamos conferindo e observando detalhes para otimizar o procedimento, ressaltados pelas setas amarelas. Notem que eu também usei um martelo de borracha, para complementar o trabalho da marreta e dos apoios de madeira. Após garantirmos o restauro da peça, através deste primeiro procedimento, vamos montar o para-lama no carro. Lá ele vai ser rebatido e preparado da forma convencional, com martelinho, abrasadeira e tasso. Assim mostrei esta técnica de funilaria que denomino de "técnica do amortecimento" dado que é justamente o amortecimento das pancadas que possibilitam o retorno da forma antiga à peça amassada.
Na foto 07 o resultado do trabalho com a técnica do amortecimento. O passo-à-passo vai continuar, para que eu demonstre, neste mesmo trabalho, outra técnica que uso para restauros mais complexos, com é o caso da recuperação deste para-lama. Obs: Em peças maiores, (capô, por exemplo) duas pessoas serão necessárias, pois o posicionamento para o amortecimento de apoio implica em vários ângulos, conforme o formato da peça trabalhada, e do amassado. Ou seja, o funileiro orienta o posicionamento e o ajudante segura a peça e aguarda a pancada, pois tudo depende de direcionar cada pancada no local exato e previamente apoiado no piso forrado.
Continuando, vamos colocar o para-lama no carro, desta forma teremos melhores condições de seguir com o trabalho, usando o tasso, martelinho e abrasadeira. Prosseguimos da forma tradicional, a partir de como deixamos na etapa anterior. Na foto as setas mostram áreas que podemos melhorar nesta etapa do trabalho, rebatendo a chapa com as leves batidinhas do martelinho ou brasadeira apoiado com o tasso na parte interna.
Esta foto mostra o resultado final do rebatimento tradicional, note que a superfície apontada foi visivelmente melhorada, e podemos evoluir para a próxima etapa.
Antes de conferir o alinhamento, lixamos e removemos trincados, usando uma lixadeira para facilitar, (mas poderia ser feito manualmente, sem problemas). As linhas tracejadas (foto 10) mostram áreas criticas que serão corrigidas com masseamento, a área do vinco é a mais difícil e será usada para que eu demonstre a segunda técnica desta postagem...
Aqui, conferindo o alinhamento entre para-lama e farol, notei uma deformidade que assinalei com dois pedaços de fita crepe, portanto volto e corrijo este detalhe, nunca é demais lembrar que quanto mais corrigimos defeitos, melhor será o resultado! O alinhamento com o capô está perfeito. Deixo o envolvente do para-choque para alinhar no final.
Na foto 12, alinhamento concluído! Corrijo o espaçamento e confiro com o outro lado intacto, ficou igual. Todos os espaçamentos devem ser conferidos. Podemos passar para a próxima etapa que é o masseamento!
Foto 13, masseamos toda a área previamente lixada, com massa plástica ou massa poliéster (veja as diferenças entre elas no glossário), podemos acelerar a secagem com um soprador térmico, pois tempo é dinheiro. A seguir lixaremos, sempre com o taco, nivelando toda superfície de trabalho.
Na foto 14, a primeira passada de massa foi lixada e detectamos imperfeições, que são reveladas através lixamento, após o que devemos corrigir tais imperfeições com uma nova camada de massa, desta vez somente nos locais que necessitam de repasse.
Pois bem, a massa rapidamente seca e é lixada, o para-lama está quase restaurado podendo ser preparado para pintura e pintado,porem se formos fazer isto, ao terminarmos notaremos que o vinco ficou torto! é muito difícil restaurar vincos (aliás eu tenho uma teoria de que os vincos em automóveis não são feito só por estética, mas também para dificultar o trabalho de restauro, alimentando assim o comércio de peças de reposição). A foto 15 mostra o começo da Técnica de Masseamento Localizado, que eu criei justamente para corrigir esta dificuldade. Consiste em controlar o masseamento e o lixamento, para não haver ondulações ou falhas na reconstrução de vincos e detalhes que estampam uma carroceria. A seta preta mostra uma fita crepe que foi colada no vinco inferior, para servir de "ponto de referencia", a linha pontilhada mostra o comprimento do vinco que vamos restaurar e a vermelha o ponto exato da primeira dobra, já inicialmente trabalhada com a técnica de masseamento localizado.
Restaurar vincos é um procedimento que engloba além do trabalho de desamassar, o trabalho de massear e o de lixar, complementando um ao outro, e todos importantes, para controlar tais trabalhos manuais é preciso certos cuidados, ou não se consegue o objetivo esperado. é preciso definir aonde e como depositar material e corrigir defeitos, para tanto isolamos pedaços com fita crepe ao massear, porem para isolar é preciso riscar com uma régua e lápis e fazer cada plano formado pelo vinco separadamente. Parece difícil, mas com pratica podemos refazer qualquer vinco ou estampa, pois o procedimento é sempre o mesmo. Na foto 16 as setas verdes mostram as fitas, onde a superior é a de isolamento e a inferior a de referencia, a seta azul o risco feito com régua e lápis e os tracinhos pontilhados o distanciamento exato de um vinco para o outro, detalhe importante na hora de riscar e esticar a fita.
Na foto 17, a definição de cada plano, que reconstruiremos a separadamente, sendo que o amarelo é o mais fácil e o azul o mais difícil, o vermelho deve ser feito observando a curvatura, vemos na foto que a fita esta isolando o plano azul para que seja depositado material no plano vermelho, após repassarmos a massa plástica, devemos retirar a fita de isolamento antes que ela seque e observar o resultado...
...Foto 18 (click na foto para ver melhor) : observe que conseguimos direcionar o masseamento de tal forma que percebemos um vinco bem definido, mesmo antes do lixamento! E isto aponta para a próxima etapa que é o lixamento...
Foto 19, o lixamento realizado com a mesma técnica de isolamento, ou seja cada plano deve ser lixado em separado, para tanto sempre cobrimos com fita isolando o plano anteriormente lixado. Click na foto para ver os detalhes deste trabalho.
Assim, utilizando esta técnica, podemos restaurar um vinco, agora o trabalho evolui para a próxima etapa: Massa rápida, que poderia ser também a aplicação direta de primer P.U. mas eu preferi usar a massa rápida e com isto mostrar que também nesta fase devemos isolar cada plano, para não estragar a etapa anterior. A seta amarela (foto 20) mostra o primeiro plano, já recoberto com massa rápida, note que a retidão foi conseguida isolando o segundo plano (azul) com fita crepe. E o plano vermelho pode ser masseado, pois é o azul que será o último a ser recoberto.
Foto 21: Etapa concluída!
O lixamento (grana 150) da massa rápida...
O começo da pintura...
A foto 01 mostra o para-lama afetado, considerado perdido, as setas apontam as áreas mais criticas para o restauro, são vincos, pontos de rugas e amassados agudos que dilataram a chapa. (Click na foto para ver melhor)
Aqui, o para-lama foi retirado. Devemos tomar o máximo de cuidado com ele, pois ao manuseá-lo podemos riscar ou machucar o mesmo e não queremos aumentar o trabalho...Observe que ele está sobre uma placa de papelão. Não queremos danificar as beiradas.
Foto 03: O panorama desta desmontagem, farol, para-barros, envolvente do para-choque com a placa e os faróis de neblina e outras peças que compõem detalhes do modelo Idea, além do para-lama, é claro... Tudo para remover o para-lama e também para realinhar o carro, no momento da montagem.
A Técnica do Amortecimento: A lataria externa dos automóveis é muito fina e leve, como uma carenagem, não resiste a batidas de martelo diretamente, deformando-se por distensão, então desenvolvi esta técnica, para conseguir um controle maior e melhor no processo de desamassar. Consiste em amortecer as batidas, para não esticar a chapa, e consequentemente evitar "barrigas" ou afundamentos com efeito "mola", que são os principais defeitos em um trabalho de funilaria em amassados. Na foto 04 o para-lama está sobre um papelão forrado com um carpete, que proporcionará o "amortecimento de apoio", além de proteger a peça contra danos causados pelo manuseio, já que queremos um retoque o menor possível, na área trabalhada, pois quanto menos trabalho de preparação, melhor. Ao rebater devemos posicionar o para-lama, de modo que o local da pancada esteja apoiado no piso forrado, isto faz com que a área de um calombo (e somente ela), receba o impacto não danificando partes niveladas ou em alto relevo. As pancadas devem ser proporcionais, ou seja: áreas menos enrugadas, pancadas mais fracas e áreas mais agudas pancadas mais fortes. Como esta é a primeira etapa do trabalho, é fundamental o desempenho do funileiro, pois tudo que for feito aqui, vai repercutir lá na frente, então compensa um esmero total no sucesso deste procedimento. Podemos, é claro, utilizar vários materiais para forrar o piso e conseguir o amortecimento de apoio, como panos dobrados, um carpete grosso, uma placa de E.V.A. etc... O importante é conseguir o resultado esperado, que é direcionar as pancadas e evitar a distensão da chapa.
Quanto as pancadas, estas não podem, neste momento do trabalho serem diretas, também elas devem ser amortecidas, "amortecimento direto", na foto 05 as setas apontam pedaços de madeira que são usados para amortecer as pancadas e distribuir o impacto numa área maior, antes de cada pancada, posicionamos a madeira contra a chapa apoiada no piso forrado, somente uma pancada a cada posicionamento. Uma pancada e a conferência do resultado, até que o trabalho esteja evoluindo por si mesmo, a partir daí, o que vai contar é a paciência e o esmero do profissional.
Após alguma evolução do trabalho, vamos conferindo e observando detalhes para otimizar o procedimento, ressaltados pelas setas amarelas. Notem que eu também usei um martelo de borracha, para complementar o trabalho da marreta e dos apoios de madeira. Após garantirmos o restauro da peça, através deste primeiro procedimento, vamos montar o para-lama no carro. Lá ele vai ser rebatido e preparado da forma convencional, com martelinho, abrasadeira e tasso. Assim mostrei esta técnica de funilaria que denomino de "técnica do amortecimento" dado que é justamente o amortecimento das pancadas que possibilitam o retorno da forma antiga à peça amassada.
Na foto 07 o resultado do trabalho com a técnica do amortecimento. O passo-à-passo vai continuar, para que eu demonstre, neste mesmo trabalho, outra técnica que uso para restauros mais complexos, com é o caso da recuperação deste para-lama. Obs: Em peças maiores, (capô, por exemplo) duas pessoas serão necessárias, pois o posicionamento para o amortecimento de apoio implica em vários ângulos, conforme o formato da peça trabalhada, e do amassado. Ou seja, o funileiro orienta o posicionamento e o ajudante segura a peça e aguarda a pancada, pois tudo depende de direcionar cada pancada no local exato e previamente apoiado no piso forrado.
Continuando, vamos colocar o para-lama no carro, desta forma teremos melhores condições de seguir com o trabalho, usando o tasso, martelinho e abrasadeira. Prosseguimos da forma tradicional, a partir de como deixamos na etapa anterior. Na foto as setas mostram áreas que podemos melhorar nesta etapa do trabalho, rebatendo a chapa com as leves batidinhas do martelinho ou brasadeira apoiado com o tasso na parte interna.
Esta foto mostra o resultado final do rebatimento tradicional, note que a superfície apontada foi visivelmente melhorada, e podemos evoluir para a próxima etapa.
Antes de conferir o alinhamento, lixamos e removemos trincados, usando uma lixadeira para facilitar, (mas poderia ser feito manualmente, sem problemas). As linhas tracejadas (foto 10) mostram áreas criticas que serão corrigidas com masseamento, a área do vinco é a mais difícil e será usada para que eu demonstre a segunda técnica desta postagem...
Aqui, conferindo o alinhamento entre para-lama e farol, notei uma deformidade que assinalei com dois pedaços de fita crepe, portanto volto e corrijo este detalhe, nunca é demais lembrar que quanto mais corrigimos defeitos, melhor será o resultado! O alinhamento com o capô está perfeito. Deixo o envolvente do para-choque para alinhar no final.
Na foto 12, alinhamento concluído! Corrijo o espaçamento e confiro com o outro lado intacto, ficou igual. Todos os espaçamentos devem ser conferidos. Podemos passar para a próxima etapa que é o masseamento!
Foto 13, masseamos toda a área previamente lixada, com massa plástica ou massa poliéster (veja as diferenças entre elas no glossário), podemos acelerar a secagem com um soprador térmico, pois tempo é dinheiro. A seguir lixaremos, sempre com o taco, nivelando toda superfície de trabalho.
Na foto 14, a primeira passada de massa foi lixada e detectamos imperfeições, que são reveladas através lixamento, após o que devemos corrigir tais imperfeições com uma nova camada de massa, desta vez somente nos locais que necessitam de repasse.
Pois bem, a massa rapidamente seca e é lixada, o para-lama está quase restaurado podendo ser preparado para pintura e pintado,porem se formos fazer isto, ao terminarmos notaremos que o vinco ficou torto! é muito difícil restaurar vincos (aliás eu tenho uma teoria de que os vincos em automóveis não são feito só por estética, mas também para dificultar o trabalho de restauro, alimentando assim o comércio de peças de reposição). A foto 15 mostra o começo da Técnica de Masseamento Localizado, que eu criei justamente para corrigir esta dificuldade. Consiste em controlar o masseamento e o lixamento, para não haver ondulações ou falhas na reconstrução de vincos e detalhes que estampam uma carroceria. A seta preta mostra uma fita crepe que foi colada no vinco inferior, para servir de "ponto de referencia", a linha pontilhada mostra o comprimento do vinco que vamos restaurar e a vermelha o ponto exato da primeira dobra, já inicialmente trabalhada com a técnica de masseamento localizado.
Restaurar vincos é um procedimento que engloba além do trabalho de desamassar, o trabalho de massear e o de lixar, complementando um ao outro, e todos importantes, para controlar tais trabalhos manuais é preciso certos cuidados, ou não se consegue o objetivo esperado. é preciso definir aonde e como depositar material e corrigir defeitos, para tanto isolamos pedaços com fita crepe ao massear, porem para isolar é preciso riscar com uma régua e lápis e fazer cada plano formado pelo vinco separadamente. Parece difícil, mas com pratica podemos refazer qualquer vinco ou estampa, pois o procedimento é sempre o mesmo. Na foto 16 as setas verdes mostram as fitas, onde a superior é a de isolamento e a inferior a de referencia, a seta azul o risco feito com régua e lápis e os tracinhos pontilhados o distanciamento exato de um vinco para o outro, detalhe importante na hora de riscar e esticar a fita.
Na foto 17, a definição de cada plano, que reconstruiremos a separadamente, sendo que o amarelo é o mais fácil e o azul o mais difícil, o vermelho deve ser feito observando a curvatura, vemos na foto que a fita esta isolando o plano azul para que seja depositado material no plano vermelho, após repassarmos a massa plástica, devemos retirar a fita de isolamento antes que ela seque e observar o resultado...
...Foto 18 (click na foto para ver melhor) : observe que conseguimos direcionar o masseamento de tal forma que percebemos um vinco bem definido, mesmo antes do lixamento! E isto aponta para a próxima etapa que é o lixamento...
Foto 19, o lixamento realizado com a mesma técnica de isolamento, ou seja cada plano deve ser lixado em separado, para tanto sempre cobrimos com fita isolando o plano anteriormente lixado. Click na foto para ver os detalhes deste trabalho.
Assim, utilizando esta técnica, podemos restaurar um vinco, agora o trabalho evolui para a próxima etapa: Massa rápida, que poderia ser também a aplicação direta de primer P.U. mas eu preferi usar a massa rápida e com isto mostrar que também nesta fase devemos isolar cada plano, para não estragar a etapa anterior. A seta amarela (foto 20) mostra o primeiro plano, já recoberto com massa rápida, note que a retidão foi conseguida isolando o segundo plano (azul) com fita crepe. E o plano vermelho pode ser masseado, pois é o azul que será o último a ser recoberto.
Foto 21: Etapa concluída!
O lixamento (grana 150) da massa rápida...
Fundo (ou primer) aplicado e lixado (grana 400)
O começo da pintura...
O alinhamento do envolvente do para-choque (foto 25), resolvi faze-lo apos a montagem, pois o mesmo também precisava de reparo, e neste caso pinta-lo antes seria perda de tempo, antes de mais nada é preciso garantir o alinhamento, e pinta-lo no local já alinhado é o melhor caminho para evitar surpresas.
Após o que empapelamos, pintamos e polimos. Entregamos o trabalho para a surpresa do cliente, que fica muito satisfeito, pela economia que fez! Qualquer duvida é só entrar em contato! Um forte abraço e até a próxima. Tchau!
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